Meninos sem pátria
Entre tantos livros bons da Coleção Vagalume, Meninos sem pátria, de Luiz Puntel, é o meu preferido. Foi o que me marcou, e sem que eu soubesse ainda, influenciou minha opção de vida, ideológica. O livro fala sobre um menino, Marcão, exilado junto com sua família pela Ditatura de 64. Ele passa por Argentina, Chile e depois vai para a França, numa história linda, meio adolescente, escrita por Luiz Puntel. O pai de Marcão trabalhava no jornal Binóculo, e se chamava Zé Maria. Depois desse livro eu, uma adolescente romântica, decidi ser jornalista.
Na vida real houve um José Maria Rabelo, jornalista mineiro do Binômio, uma publicação combativa fechada logo após o golpe militar de 1964. Esse jornalista escreveu um livro muito legal com toda a trajetória do jornal - que era tipo o que foi o Pasquim depois, muito irreverente e crítico desde sua fundação nos anos 40. José Maria também teve que se exilar em vários países com sua família, indo afinal parar na França. Pura coincidência os nomes, os locais? Acho difícil né.
O fato é que eu conheci José Maria, já bem mais velho, com uns 75 anos. Nos anos 2000, quando eu era do Centro Acadêmico de Comunicação, o convidei para uma palestra, e ele foi tão disposto, com tanta energia e simplicidade que cativou todo mundo. Meu pai taxista fez o favor de levá-lo para casa depois e a simpatia foi mútua. E adivinhem, eu fiquei com vergonha de perguntar se era ele o personagem de Meninos sem Pátria! Talvez eu quisesse deixar assim mesmo. Essa divisa nublada entre realidade e ficção me encanta.
Comentários
Postar um comentário