Caos no mundo: pandemia
O mundo se esvaindo e meu filho crescendo... Entre a infância e a adolescência, ele olha tudo e vai formando suas opiniões. Uma delas é que a humanidade não tem jeito e que seria melhor se na Terra só sobrassem todos os outros animais, menos nós. O animal humano tá prejudicando muito os outros bichos, e Eric sempre foi fascinado com bichos.
Esse filho assiste comigo às coisas impressionantes do nosso tempo: as grandes queimadas na Amazônia, que em 2019 deixaram o céu escuro em várias cidades (aqui em BH o céu ficou cinza e o cheiro de fumaça foi forte). O calor intenso, a seca e os grandes dilúvios - os avisos do planeta.
Essa pessoa também vê sua primeira pandemia global. Dessa vez o aviso veio forte, em letras grandes piscando em neon.
Há pessoas que viveram e morreram sem ter visto uma pandemia dessa magnitude. Há velhos que nunca passaram por isso. E as crianças e jovens, como serão depois disso? No primeiro momento, estão felizes numa extensa folga de escola. Podem fazer o que querem, em casa e na rua. Mas vão viver também o deserto das ruas, o tédio, a falta de convívio, tudo de legal ser proibido: parque, futebol, cinema.
No tempo do meu filho, as montanhas escondem barragens de minério que provavelmente podem te soterrar um dia, levando embora humanos, animais, rios e histórias. No seu tempo, os rios sufocados pelo asfalto explodem em ondas e correntezas ferozes. Do grande bioma ao vírus invisível, a natureza não brinca, ela é irredutível. Eu me sinto sempre assombrada diante do que ela pode fazer, que é nos varrer da face da terra.
É um tempo de crises, o dessa criança que vai se tornando homem. E como ele vai lidar com isso? Sou capaz de ajudá-lo mesmo? Sinto um medo tão grande quanto meu amor.
Comentários
Postar um comentário