Tempo de crescer

Outro dia me disse que vai ser skatista pra eu não precisar mais trabalhar (oi??). Ele também quer ser motorista de ônibus, aí vai ser legal porque eu vou andar de ônibus de graça pra onde eu quiser! Mas o que importa é o presente e, neste momento, meu filho resolveu virar um gatinho filhote e manhoso (quer carinho)... logo depois já é um “Fúria da noite” (quer sangue) e pouco depois meu pai (quer mandar em mim).

De nave mãe para Eric, testando, o assunto vai ficando sério porque tem para-casa pra fazer! Ah, cinco anos não é fácil, uma idade entre ficar meio neném e ficar meio grandão. Tempo de crescer. Mama na mamadeira? Ninguém pode saber! Xixi na cama? Só se beber suco demais de noite ou tiver frio. Ele quer dormir sozinho, mas à noite pula pra minha cama. Eu acordo, levo pra cama, ele acorda e vai pra minha, eu volto e, no final, estamos dormindo juntos de novo de tão cansados.

Às vezes pensa na possibilidade de não me beijar e diz que eu tô carente, que absurdo! Eu fico rindo e, com ele, volto a ser criança também, falo peido, meleca, “vumito”, chulé, cocô mole, cabeça de mixirica podre. Meu filho ri que é uma beleza. Me acha engraçada.

Se ele tiver de reloginho me chama de 1 em 1 minuto pra falar as horas. Tenho que reconhecer que a mudança do minuto é algo incrível mesmo! Pra ele o tempo é um mistério meio bagunçado: “ainda são oito e trinta e cinco da tarde mãe”. Ou: porque três da manhã é de noite??? Meia noite é cedo ou tarde?

“Meu cérebro é só de brincar”, Eric me diz com uma cara gozada enquanto eu olho com jeito bravo proposital e apago as luzes de mais um dia.

(texto escrito em 2016, quando meu filho tinha 5 anos)



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