12 anos aprendendo com ele


Eu e meu filho temos 12 anos. No mesmo dia em que ele nasceu eu nasci de novo e ainda estou em fase de crescimento. Tive que me redescobrir, reinventar, pedir socorro, digerir crises, buscar novos caminhos. Enquanto isso, um outro ser humano se formava ao meu lado e comigo. Ele aprendia comigo e eu com ele. Ele precisava de mim e eu, mais ainda, dele.

Nesses 12 anos, aprendi que tenho paixão pelo meu filho, mas não paixão pela maternidade em si. Descobri que como mãe sou uma boa ouvinte e amiga (a exemplo da minha mãe). Gosto de perceber como ele enxerga o mundo, adoro a hora do banho quando ele me chama, até hoje, para contar algo que tava guardadinho ali no seu coração ansioso e jovem. Ser mãe pra mim é ser ouvido, colo, palavra.

Ele me ensina muito, me apresentou músicas, artistas, séries e animes de que gosto. Ter um filho adolescente é ter sempre aberta uma porta para o novo, se você se despir dos preconceitos de geração. Também me faz rir com sua ironia, suas preocupações de adolescente e perguntas “cabeludas” que dão um trabalho pra responder.

Eric me comove com seu amor imenso por animais, com sua esperança e certa sensibilidade aguda para perceber as pessoas – apesar de, como todo adolescente “calejado”, recusar essa sensibilidade porque descobriu que dói. Mas, ao seu modo, ele percebe tudo o que sou e somos. Uma professora querida dizia que ele é um menino muito maduro.

Sinto dizer que já causei muitas dores e alguma insegurança ao meu filho, por decisões que tomei, por minha visão de mundo ou por me priorizar em certos momentos (e como os filhos têm dificuldade de entender isso...). Mas talvez essas mesmas decisões pelas quais tanto me culpei tenham influenciado sua postura, sua maturidade? Fizeram ele sair do natural egoísmo infantil de ser o centro do mundo e se tornar esse companheiro de todos os dias, pra mim e para o seu pai?

Ele não é perfeito, nem eu. Minha mãe dizia que enxergava seus acertos e erros nos filhos. Eric também herdou meu ceticismo e um pouco da minha ansiedade. Mas herdou a alegria do pai. E uma responsabilidade que não sei de onde veio...

Leia também: História de uma gata

Comentários

  1. Que lindo texto! Deve ser incrível participar do desenvolvimento de um ser humano permitindo, ao mesmo tempo, o seu próprio desenvolvimento sem amarras.

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  2. Um instantaneo retrato de ser mãe, e amiga, e mulher. Nem precisa de retoque.

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  3. Que massa!! Me vi aí com a Liz e a Luíza.

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  4. Lindo texto! Expressa bem a relação com nossos filhos , nem sempre exposta. Parabéns!

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  5. Adorei, Lívia!
    Como escreve bem! Fala com clareza e sentimento!
    Você é uma mãe maravilhosa!
    Eric e todos nós temos muito orgulho de você!
    Parabéns!

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  6. Que lindo Lívia! Me emocionei com esse texto. Descreveu você e o Eric muito bem. É isso aí minha sobrinha. Não precisamos para fazermos o bem e lutar por justiças. Tenho amigos céticos que são humanamente bons com o próximo. O Eric é um menino inteligente e pensador.

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  7. Que lindo texto! A maternidade nos ensina tanta coisa, e é maravilhoso quando percebemos isso!

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