De mudança

Silenciosamente
vou recolhendo e guardando
os pedaços de mim.

Quantos sonhos empoeirados,
coisas que fui e não fui.
Textos políticos empacotados,
jornais do passado, poemas e cartas de amor,
vestígios de um casamento
e contas a pagar.

Fotos, livros que li, notícias que escrevi...

Tudo isso se parece comigo.
Engano!
O correio de hoje
já não é para mim.
Não sou mais eu.

Tudo o que guardo me fez
mas não sou essas caixas que encho e
tenho dúvida se vou deixar pra trás.
Pode não sobrar nada.

Um grande vazio é meu presente,
de ontem tenho uma vaga lembrança
O tempo parece em slow motion
Estranho...
Nesse vazio parece
que me vejo melhor.

(um poema dos idos de 2014)

Leia também o poema "Sozinhos"